Vergalhões poliméricos, inovação para substituir o aço

11:53 - 23 março, 2022

Barras reforçadas com grafeno e fibra de vidro não são corrosivas e já começam a mudar o modo de fazer as estruturas de concreto armado nas empresas. Tema foi abordado na palestra da AEA Sinos.

A corrosão em estruturas de aço, um dos maiores problemas da construção civil por provocar gastos de manutenção ou colapso estrutural em obras públicas e civis, já tem solução e atende pelo nome de barra de polímeros reforçada com fibras, conhecida na literatura internacional como Fiber Reinforced Polymer (FRP). Esses vergalhões, reforçados com grafeno e fibra de vidro, prometem revolucionar o setor. Tamanha inovação foi abordada na palestra Aplicações de Barras Poliméricas em Estruturas de Concreto Armado, realizada na sede da Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Vale dos Sinos (AEA Sinos), em 17 de março, para associados, calculistas e representantes de empresas.

Embora já utilizado desde 1960 em alguns países, somente agora o Brasil começou a prestar atenção no grafeno, um supermaterial com usos em diversos setores e uma oportunidade para a construção civil se tornar mais eficiente e sustentável. “A VerGraf é a primeira empresa do mundo a utilizar o grafeno e fibra de vidro na produção de barras poliméricas. E muitas empresas já utilizam nosso material. Inclusive em conversa com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, ele acenou com a possibilidade do uso dos vergalhões poliméricos em obras de infraestrutura do governo federal”, antecipou o sócio e diretor de Marketing da VerGraf, Manoel Matias Neto, que conduziu a palestra com o engenheiro civil Guilherme Manfredini Bueno.

EXPECTATIVAS DE CRESCIMENTO – Segundo Matias Neto, a demanda da indústria de construção está impulsionando o crescimento do mercado. Razão pela qual a expectativa global é de que o vergalhão FRP cresça de US$ 186 milhões em 2021 para US$ 344 milhões até 2026, a uma CAGR (Compound Annual Growth Rate – taxa de crescimento anual) de 13% durante esse período. E não são apenas aos números que ele pediu atenção. “Importante esse encontro, porque o mercado está mudando e, mais à frente, os profissionais precisam ter conhecimentos para atender as exigências dos clientes.”

E não são poucas as vantagens que credenciam a barra polimérica reforçada ser sucessora do aço. Quando se fala em vergalhões de aço, a primeira coisa que vem à mente é o peso do material, a logística do transporte e quantidade de mão de obra para montar as armaduras. “Além de resistentes à corrosão, as barras poliméricas reforçadas com fibras de vidro e grafeno são quatro vezes mais leves que as de aço, fáceis de instalar, resistentes à tração e versáteis em qualquer projeto”, destacou Bueno, acrescentando outros benefícios: ampliação da vida útil da obra, maior produtividade e menores custos com mão de obra e manutenção.

Segundo o engenheiro civil, as aplicações são as mais variadas, como paredes de concreto, calçadas, artefatos de concreto, muros, vergas e contra-vergas, vigas de amarração (cintas), capas de lajes, pisos industriais, residenciais e comerciais. Nos Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Japão e Europa, as barras de FRP são utilizadas para a construção de túneis, barragens, estações de tratamento de água/efluentes, paredes marinhas de contenção, paredes de casas de concreto armado, parapeitos/guarda-corpo em pontes ou sistemas de barreiras de tráfego e rodovias.

MAIS EVENTOS – Para o presidente da AEA Sinos, o engenheiro José Luiz Garcias, assuntos com foco na inovação, principalmente os que permitem revoluções tecnológicas na aplicação de materiais, são fundamentais para a atualização dos profissionais. “Temos que estar sempre atentos às mudanças do mercado, que é muito dinâmico e exigirá esse novo olhar”, afirmou. Segundo ele, a Associação realizará uma série de eventos no decorrer deste ano com o objetivo de agregar novos conhecimentos. No final do encontro, houve confraternização com os participantes.

ABNT está criando Normas Técnicas para aplicação do material
Atento à relevância das fibras poliméricas em estruturas armadas, o Comitê Técnico 303 do Instituto Brasileiro do Concreto e Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (IBRACON/ABECE) publicou, em novembro de 2021, o Guia Estruturas de Concreto Armado Com Barras de Polímero Reforçado com Fibra. Como membro do CT 303, Bueno, que é dos poucos do País a ter domínio do assunto, ajudou a desenvolver o Guia, que agora está sendo transformado em normas técnicas pela ABNT para a aplicação do produto. No cenário internacional essas normas já existem.

Texto: Marcia Greiner Comunicação | AEA Sinos

Fotos: Nilson Winter